A Armadilha: O Que Aconteceu ao Nosso Sonho de Liberdade / The Trap: What Happened to Our Dream of Freedom (2007)


Sinopse:

“A Armadilha: O Que Aconteceu ao Nosso Sonho de Liberdade" é uma série de três episódios do produtor premiado Adam Curtis, que explica as origens da nossa contemporânea e estreita ideia de liberdade.

A liberdade individual era o sonho de nossa era pós-guerra fria. Foi o que os nossos líderes prometeram nos dar, e define a forma como pensamos sobre nós mesmos, e frequentemente temos ido à guerra para impor a liberdade ao redor do mundo. Mas se você voltar e olhar para o que a liberdade realmente significa para nós hoje, é um tipo estranho e limitado de liberdade.

Os políticos prometeram libertar-nos da antiga mão morta da burocracia, mas eles criaram um sistema cada vez mais controlador da gestão social, dirigido por metas e números. Governos comprometidos com a liberdade de escolha tmr presidido um aumento da desigualdade e um colapso dramático na mobilidade social. E no exterior, no Iraque e no Afeganistão, a tentativa de impor a liberdade levou a sangrenta ascensão de um autoritarismo islâmico anti-democrático. Este, por sua vez, ajudou a inspirar ataques terroristas na Grã-Bretanha. Em resposta, o Governo desmantelou as antigas leis destinadas a proteger a nossa liberdade.

Curtis mostra como um modelo simplista dos seres humanos como criaturas egoístas, quase robóticas, levou a idéia de hoje da liberdade. Este modelo foi obtido a partir de idéias e técnicas desenvolvidas por estrategistas nucleares durante a Guerra Fria para controlar o comportamento do inimigo soviético.

Matemáticos como John Nash desenvolveram paranóicas teorias dos jogos cujas equações obrigariam as pessoas a serem vistas como criaturas egoístas e isoladas, monitorando constantemente os outros, sempre buscando o benefício próprio.

Este modelo foi desenvolvido por biólogos genéticos, antropólogos, psiquiatras e economistas radicais do livre mercado, e passou a dominar o pensamento político desde os anos setenta e a forma como as pessoas pensam sobre si mesmos como seres humanos.

No entanto, dentro dessa idéia simplista estão as sementes de novas formas de controle. E o que as pessoas esqueceram é que existem outras idéias de liberdade. Estamos, diz Curtis, em uma armadilha da nossa própria criação que nos controla, nos priva de significado e que causa morte e caos no exterior.


Wikipédia (Inglês)

Dados do Arquivo:

Produção: Adam Curtis
Qualidade: TVRip
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Tamanho: Aprox. 745 MB (cada episódio)
Duração: Aprox. 00:59:00 (cada episódio)
Formato: AVI
Servidor: Peeje

Screenshot: Ep.1 | Ep.2 | Ep.3

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Episódio 1: F**e teu companheiro

Neste episódio é analisado o aparecimento da Teoria dos Jogos durante a Guerra Fria e a maneira como os seus modelos matemáticos do comportamento humano se infiltraram no pensamento econômico. O programa traça a evolução da Teoria dos Jogos, com especial referência para o trabalho de John Nash, que acreditava que todos os seres humanos são criaturas egoístas e desconfiadas que se comportam constantemente de forma estratégica em relação aos outros. Nash, Nobel da Economia, inventou “jogos” baseados nas suas crenças sobre o comportamento humano, incluindo um chamado "So Long Sucker – Fuck You Buddy”, em que a única maneira de ganhar era traindo o seu parceiro de jogo.

O que não era conhecida à época era que Nash sofria de esquizofrenia paranóide, sendo profundamente desconfiado de todos os que o rodeavam e estando convencido de que muitos estavam envolvidos em conspirações contra ele. Foi essa crença errada acerca das pessoas em geral que forneceu a base para as suas teorias.

O episódio analisa o modo como a Teoria dos Jogos foi utilizada para conceber a estratégia nuclear americana durante a Guerra Fria. É examinada a ideia de que o holocausto nuclear foi evitado pela existência do enorme arsenal nuclear americano.

Outra vertente deste episódio assenta numa entrevista com R.D. Laing, psiquiatra que modelou interações familiares utilizando a Teoria dos Jogos. A sua conclusão foi que os seres humanos são intrinsecamente egoístas e astutos e estão sempre espontaneamente a gerar estratagemas nas interações diárias. As teorias de Laing evoluíram para a ideia de que algumas formas de doença mental são meramente artificiais, etiquetas utilizadas pelo Estado para reprimir o sofrimento individual. Esta convicção tornou-se um item da contracultura durante a década de 1960. É feita referência à experiência Rosenhan, na qual falsos doentes se apresentavam numa série de instituições psiquiátricas americanas, tendo-lhes sido erroneamente diagnosticados transtornos mentais - enquanto instituições informadas que estavam a receber falsos doentes "identificaram" inúmeros supostos impostores que eram realmente verdadeiros doentes. Os resultados da experiência foram um desastre para a psiquiatria americana, porque destruíram a ideia dos psiquiatras como uma elite capaz de diagnosticar e tratar doenças mentais.

Todas estas teorias foram vistas como apoiando a crença de economistas, como Friedrich von Hayek, cujos modelos econômicos não deixam nenhuma margem para o altruísmo e assentam exclusivamente no interesse próprio, um movimento que levou à formação da teoria da escolha pública. Numa entrevista, o economista James M. Buchanan procura desacreditar a noção de "interesse público", considerando que o “interesse público” não passa de um disfarce para o mero interesse próprio dos burocratas. Buchanan propõe também que as organizações devem empregar gestores que estejam motivados apenas por dinheiro. Ele descreve aqueles que são motivadas por outros fatores, tais como a satisfação profissional ou um sentido do dever público, como "zelotes".

Da década de 1960 para a de 1970, as teorias da Laing e os modelos de Nash começam a convergir, produzindo teorias de que o Estado é simplesmente um mecanismo de controlo social que mantido de forma calculista fora do alcance das mãos do povo. O episódio mostra como estas teorias abriram caminho a teorias de desmantelamento do Estado como as seguidas por Margaret Thatcher.

O episódio sugerindo que esta sociedade, concebida segundo modelos matemáticos e de acordo com a crença no egoísmo humano, criou uma "jaula" para os seres humanos ocidentais.



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Episódio 2: O robô solitário

O segundo episódio defende a teoria de que uma combinação de drogas como Prozac e de listas de sintomas psicológicos de depressão ou ansiedade são instrumentos para normalizar comportamentos e tornar os seres humanos mais previsíveis, como máquinas. Isso seria consequência do “mercado do auto-diagnóstico”, baseado em sintomas e não em causas reais. O que se passa é que pessoas com flutuações humorais perfeitamente normais se diagnosticam a si próprias como anormais, apresentando-se depois em consultórios psiquiátricos com esses diagnósticos onde, sem serem estudadas as suas histórias pessoais, são medicadas. O resultado é que muitas pessoas foram objeto de modificação comportamental e mental, por meio de drogas, sem qualquer necessidade médica rigorosa.

O Ax Fight - um famoso estudo antropológico do povo Yanomamo, da Venezuela, realizado por Tim Asch e Napoleon Chagnon - foi reexaminado e as suas conclusões baseadas num determinismo genético foram postas em causa. Outros investigadores foram chamados para verificar as conclusões e sugeriram que o que foi observado eram comportamentos alterados pela presença de uma equipa de filmagem e pela entrega (por esses estranhos) de facões a apenas alguns dos homens da tribo. Curtis, o autor do documentário, questionou Chagnon mas este ficou irritado e abandonou a entrevista protestando.

O episódio também mostra Richard Dawkins propondo a sua teoria do "gene egoísta". Mostrando imagens produzidas ao longo de duas décadas, torna patente como essas ideias reducionistas acerca do comportamento têm sido absorvidas pela cultura dominante. Curtis explica como, com a descrição "robótica" da humanidade, junto com a aparente validação dada pelos geneticistas, a Teoria dos Jogos ganhou cada vez mais peso juntos dos “engenheiros de sociedade”.

O programa entra depois em aspectos mais diretamente políticos, procurando mostrar aspectos negativos, na prática, de concepções teóricas acerca do “mercado livre”. Por exemplo, é analisado o uso indiscriminado de metas cuja quantificação é puramente artificial. Isso acontece quando (exemplos no episódio) a polícia reclassifica dezenas de infrações penais como "ocorrências suspeitas" para baixar as estatísticas do crime. Ou com alguns expedientes dos hospitais NHS, quando criaram um lugar não oficial de "Enfermeira Olá", cuja única tarefa era saudar os recém-chegados a fim de reivindicar para fins estatísticos que o doente tinha sido "visto", embora nenhum tratamento ou mesmo exame tivesse ocorrido durante o encontro; ou quando tiraram as rodas de carrinhos de transporte de doentes para os reclassificar como camas; ou quando reclassificaram corredores como enfermarias – tudo para embelezar as estatísticas.

Na secção "A morte da mobilidade social", Curtis também descreve a forma como a teoria do mercado livre foi aplicada à educação: como os “rankings” de estabelecimentos desvirtuaram o lugar da escola no tecido social.

Curtis conclui este episódio lembrando os únicos seres humanos cujo comportamento pode ser conforme aos pressupostos da Teoria dos Jogos: os economistas – e, talvez, alguns psicopatas.



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Episódio 3: Força-te-emos a ser livre

O programa final centra-se nos conceitos de liberdade positiva e de liberdade negativa introduzidos na década de 1950 por Isaiah Berlin. Curtis explica como a liberdade negativa poderia ser definida como “estar livre de coação” e a liberdade positiva ser definida como “a possibilidade de prosseguir um potencial”.

O programa gira à volta deste tema, revisitando a opinião de Berlin segundo a qual a liberdade negativa era a mais segura das duas e mostrando como muitos grupos políticos recorreram à violência em nome da conquista da liberdade.

Por exemplo, a Revolução Francesa levou ao Terror, tal como a revolução bolchevique na Rússia acabou num regime totalitário.

Passa-se depois ao revolucionário africano Frantz Fanon, que elaborou a tese do existencialista Jean-Paul Sartre segundo a qual o terrorismo era uma arma terrível, mas a única à disposição dos pobres.

Também é analisado o uso dado ao conceito de liberdade econômica na Rússia pós-soviética e os problemas decorrentes. Um conjunto de políticas conhecidas como "terapia de choque" destruíram os mecanismos de segurança social que existia e produziram um "genocídio econômico", assim chamado devido ao grande número de pessoas sem recursos sequer para comer. Ieltsin reagiu a este tipo de críticas tornando-se cada vez mais autocrático e, ao mesmo tempo, vendendo propriedade estatal a empresas privadas por uma fração do seu valor real.

Curtis também analisa a agenda neo-conservadora da década de 1980, que fez com que, em nome da liberdade, os neo-conservadores tenham, por exemplo, apoiado fervorosamente o regime policial de Augusto Pinochet no Chile, que utilizava a máxima a violência para esmagar adversários virtuais.

O programa analisa ainda a ação americana contra o governo Sandinista da Nicarágua, o apoio americano ao Xá do Irão e o apoio de certa esquerda à revolução xiita de Khomeini.

Afinal, este programa questiona a razoabilidade da preferência pela concepção negativa da liberdade – sugerindo a necessidade de dar mais atenção à concepção positiva da liberdade.



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Legenda (3 episódios)

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