Sinopse:
A Morte do
Trabalhador é um documentário sobre grupos de trabalhadores com profissões
miseráveis e perigosas: os "heróis" de Donbass; os
"fantasmas" das montanhas de Java; os "leões" nigerianos;
os "irmãos" de Gaddani; os operários chineses de olhos postos no
"futuro".
É claro o tom de
denúncia das condições sócio-laborais absurdas às quais as sociedades de
mercado submetem estes homens. Se o trabalho é sofrimento (trabalho /
tripalium) é também forma de afirmação da força, da coragem, da dignidade, da
capacidade de invenção e de auto-superação do ser humano, por mais essa união
não esteja isenta de hierarquias ou conflitos, como todo o capítulo do
matadouro de Port Hancourt mostra.
Mas se o olhar de
Glawogger é eminentemente político, ele não deixa de se auto-relativizar,
sobretudo através da presença constante da ironia e do humor. Assim, sendo
verdade que estes operário trabalham duramente, também é certo que se divertem
gozando com o trabalho. São vários esses momentos de gozo: a mulher do mineiro
que o provoca dizendo-lhe que ele passa a vida deitado na mina quando ele se
deseja deitar em casa para descansar; o "fantasma" engatatão que
recebeu um beijo da turista francesa; os músicos que elogiam o carniceiro para
dele obterem o devido pagamento; o fotógrafo de Kalashnikov em punho só para a
fotografia; os operários chineses a elogiarem a tecnologia em contraste com a
maquinaria desatualizada que utilizam, por sua vez em contraste com a da
siderurgia de Duisburgo, entretanto encerrada e transformada em Parque de
Diversões mais ou menos amorosas e clandestinas. No entanto, a ironia é
sobretudo um modo de distanciação ideológica de Glawogger em relação à cegueira
das ideologias: lembremos que o filme começa com uma remissão aos filmes de
propaganda soviética e termina com citações de Mao. Ao fazê-lo, o realizador
austríaco revela, indiretamente, o ridículo do olhar ideológico e
propagandístico sobre o trabalho, incapaz de mostrar os trabalhadores como
homens, seres humanos normais, com sonhos e sono, desejosos de riso e de
insulto (exemplo dos mineiros ucranianos), e não títeres ou "heróis do
trabalho".
Este documentário é
uma obra épica de homenagem ao trabalho como forma de dignificação e, ao mesmo
tempo, de escravização do homem (nesse sentido podem ser lidas as palavras de
Faulkner, citadas no início: o homem não cessa de inventar maneiras de fazer
mal a si e aos outros). Mas, implicitamente, este filme é também uma homenagem
ao cinema como forma de revelação do mundo. Do nosso mundo. E a luz espessa e
sombria que as suas imagens irradiam parece-me a metáfora desse processo de
revelação. Um processo que é um trabalho e um compromisso, ético e estático,
com aqueles trabalhadores que aceitaram ser filmados enquanto trabalhavam, mas
igualmente com os trabalhadores que não estão no filme, sendo, todavia, por ele
sutilmente evocados. Talvez se possa, então, dizer que este filme não é apenas
sobre o trabalho como arte da sobrevivência; com efeito, ele é também sobre a
arte, e particularmente o cinema, como trabalho de sobrevivência. Quer dizer,
como forma de afirmação da vida e da possibilidade da esperança contra a
negatividade e o absurdo. Afirmação do homem e do trabalho contra a morte. No
fundo, a isso se resume, desde sempre, o Trabalho de todos os homens.
Dados do Arquivo:
Direção: Michael Glawogger
Qualidade: DVDRip
Áudio: Russo/Bahasa Indonésio/Inglês/Urdu/Chinês/Alemão
Legenda: Português
Tamanho: 1.36 GB
Duração: 02:01:45
Formato: AVI
Servidor: Depositfiles
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Download:
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