Sinopse:
Por
Força Sindical
No
ano de 1981 sindicalistas liderados por Luis Inácio Lula da Silva comentam e
refletem acerca das históricas greves ocorridas em São Bernardo do Campo em
1979 e 80. Estas greves marcaram a transição da ditadura para a democracia e o
surgimento de forças e personagens no movimento sindical e político São
Bernardo do Campo é uma cidade moldada pela indústria. Na década de 1950 muitas
fábricas automotivas se instalaram na região, atraídas pelo acesso estratégico
ao mercado consumidor (São Paulo) e ao Porto de Santos.
Mercedes-Benz,
Karmann-Ghia, Scania e, sobretudo a imensa fábrica da Volkswagen, passaram a
dar o tom do cotidiano local. Vilas, mercados, transportes se organizaram em
torno das fábricas e milhões de trabalhadores se instalaram em suas
proximidades.
No
início daquela industrialização, de produtos pesados baseados na metalurgia,
havia muitos riscos no ambiente de trabalho e a remuneração era baixa. A vida
dos operários e de suas famílias era simples e com muitas restrições. Se
naquela época a precariedade era quase como uma conseqüência lógica, visto que
se tratava de uma situação nova, ainda em processo de consolidação, era de se
esperar que com o tempo o quadro evoluísse. Mas, por força da famigerada
ditadura militar, cravada no meio de nossa história recente, o que de fato
ocorreu foi o agravamento das más condições.
Grosso
modo, os militares empreenderam um projeto econômico atrelado ao capital
estrangeiro, comprometendo-se com dívidas e tendo que enxugar o orçamento
interno. Isso teve impacto direto na vida dos trabalhadores dos mais baixos
escalões. Sem aumento real e com a inflação correndo solta, eles viram seu
poder aquisitivo diminuir mais e mais.
Além
disso, os trabalhadores também foram podados de seu poder de organização e
reivindicação. A repressão foi o instrumento usado pelos governantes da época
da ditadura para impor aquele modelo econômico, amordaçando qualquer
manifestação contrária. No coração do capitalismo, o movimento operário foi o
primeiro alvo, no início do golpe, em 1964.
Vários
embates com a polícia se sucederam a partir de então. Entre eles greves
históricas, que ajustaram os rumos do país, expuseram os interesses escusos da
ditadura e revelaram lideranças e novas caras da política e do movimento
social. Conforme as reivindicações apareciam a repressão policial se
intensificava. No fim dos anos de 1970 o grau de tensão já era irrecuperável.
O
estopim do desgaste foi quando, em 1977, o DIEESE divulgou que os dados da
inflação de 1973 haviam sido manipulados, reduzindo, desta forma, o reajuste
nos salários dos trabalhadores (que se baseava no índice de inflação). Aquela
descoberta deflagrou um grande movimento pela reposição salarial, que
sintetizou o descontentamento que os trabalhadores vinham alimentando contra o
governo desde 1964. Depois disso o movimento cresceu e não se intimidou perante
a repressão.
O documentário expõe o desenvolvimento das
greves de 1979 e de 1980. O então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de
São Bernardo, Luis Inácio Lula da Silva, em reflexões colocadas no filme,
define, entretanto, o período das grandes greves do ABC como um processo que
começou em 1977, com a campanha pela reposição salarial, e se concluíu 1980,
com a campanha salarial e pela restituição da diretoria do Sindicato. Para
Lula, em entrevista sobre o filme no ano de seu relançamento, não havia espaço
na imprensa para o movimento sindical. Linha de Montagem, desta forma, serviu,
como forma de divulgação daquele movimento.
Rico em detalhes, o filme contextualiza a
região de São Bernardo do Campo no fim da década de 1970, contando com cerca de
140 mil operários nas indústrias automobilísticas naquele momento. Naquele
contexto moldado pela indústria, em maio de 1979 os metalúrgicos interromperam
a produção das fábricas do ABC deflagrando uma greve geral da categoria por 11%
de aumento salarial. A cassação da diretoria e a intervenção do Governo Federal
no Sindicato, entretanto, deram um sentido maior àquela manifestação. Mais do
que o salário, os trabalhadores reivindicavam seus direitos políticos e a
restituição da diretoria eleita. A greve durou o quanto pôde, mas sem poder
expor os trabalhadores a riscos maiores, teve que se encerrar no dia 25 de maio
daquele ano, antes de atingir seus objetivos.
Mas, mesmo sem conseguir os 11% o movimento
ganhou em consciência e em organização. Com as dificuldades políticas e
econômicas que assolavam o movimento houve a necessidade de buscar soluções
alternativas. Foi instituído, então, o fundo de greve e criada a Associação
Beneficente e Cultural dos Metalúrgicos do ABC e Diadema, instâncias nas quais
o movimento passou a se apoiar. Este foi o saldo positivo de 79.
Sustentado por esta estrutura, em março do
ano seguinte os metalúrgicos iniciaram outra greve por 15% de aumento salarial,
agora com mais experiência. Mas a repressão policial, em estado de alerta em
relação ao Sindicato de São Bernardo, foi ainda maior e os diretores do
sindicato foram presos e processados pela Lei de Segurança Nacional.
A greve de 1980, que acabou no dia 12 de maio,
também não atingiu seus objetivos econômicos. Mas ela consistia, antes de tudo,
numa afronta à ditadura militar. O que estava em jogo era o fim do regime e a
abertura democrática, um processo mais complexo, longo e, desta vez, bem
sucedido.
Segundo Lula nestes três anos houve uma
valiosa conscientização e a organização da classe operária que, para ele, se
posicionava naquele momento, como agente social e sujeito da história. O
aprendizado que Lula tiraria deste processo, foi que o sindicalismo servia à melhoria
da relação entre capital e trabalho, e que, no Brasil, ele só conseguiria
promover mudanças na sociedade uma vez que se organizasse politicamente. Ele
fala da necessidade de se criar um partido e que os partidos existentes até
então, mesmo com seus militantes tendo forte atuação e liderança nas greves,
não atendiam suas concepções políticas e ideológicas. Lula justificou, desta
forma, a criação do Partido dos Trabalhadores. E, naquele ano de 1981, quando
se realizou o 1º Conclat, afirma a necessidade de se criar centrais sindicais,
como forma de organizar aquele movimento que estava crescendo e se
fortalecendo.
Embora isso não fique claro no filme foi um
processo empreendido por várias forças, não apenas pelos metalúrgicos de São
Bernardo, mas apoiado também por outras correntes políticas e sindicais.
O filme foi lançado pela primeira vez em
1982, mas logo censurado pelo governo federal. Foi restaurado e relançado em
2008.
Dados
do Arquivo:
Direção: Renato Tapajós
Qualidade:
TVRip
Áudio:
Português
Tamanho:
689 MB
Duração:
01:27:54
Formato:
AVI
Servidor:
Mega
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Download:
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O link ta quebrado, ficaria muito feliz se vocês re-upassem, obrigado
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