A Morte do Trabalhador / Workingman's Death (2005) *QiX*


Sinopse:

A Morte do Trabalhador é um documentário sobre grupos de trabalhadores com profissões miseráveis e perigosas: os "heróis" de Donbass; os "fantasmas" das montanhas de Java; os "leões" nigerianos; os "irmãos" de Gaddani; os operários chineses de olhos postos no "futuro".

É claro o tom de denúncia das condições sócio-laborais absurdas às quais as sociedades de mercado submetem estes homens. Se o trabalho é sofrimento (trabalho / tripalium) é também forma de afirmação da força, da coragem, da dignidade, da capacidade de invenção e de auto-superação do ser humano, por mais essa união não esteja isenta de hierarquias ou conflitos, como todo o capítulo do matadouro de Port Hancourt mostra.

Mas se o olhar de Glawogger é eminentemente político, ele não deixa de se auto-relativizar, sobretudo através da presença constante da ironia e do humor. Assim, sendo verdade que estes operário trabalham duramente, também é certo que se divertem gozando com o trabalho. São vários esses momentos de gozo: a mulher do mineiro que o provoca dizendo-lhe que ele passa a vida deitado na mina quando ele se deseja deitar em casa para descansar; o "fantasma" engatatão que recebeu um beijo da turista francesa; os músicos que elogiam o carniceiro para dele obterem o devido pagamento; o fotógrafo de Kalashnikov em punho só para a fotografia; os operários chineses a elogiarem a tecnologia em contraste com a maquinaria desatualizada que utilizam, por sua vez em contraste com a da siderurgia de Duisburgo, entretanto encerrada e transformada em Parque de Diversões mais ou menos amorosas e clandestinas. No entanto, a ironia é sobretudo um modo de distanciação ideológica de Glawogger em relação à cegueira das ideologias: lembremos que o filme começa com uma remissão aos filmes de propaganda soviética e termina com citações de Mao. Ao fazê-lo, o realizador austríaco revela, indiretamente, o ridículo do olhar ideológico e propagandístico sobre o trabalho, incapaz de mostrar os trabalhadores como homens, seres humanos normais, com sonhos e sono, desejosos de riso e de insulto (exemplo dos mineiros ucranianos), e não títeres ou "heróis do trabalho".

Este documentário é uma obra épica de homenagem ao trabalho como forma de dignificação e, ao mesmo tempo, de escravização do homem (nesse sentido podem ser lidas as palavras de Faulkner, citadas no início: o homem não cessa de inventar maneiras de fazer mal a si e aos outros). Mas, implicitamente, este filme é também uma homenagem ao cinema como forma de revelação do mundo. Do nosso mundo. E a luz espessa e sombria que as suas imagens irradiam parece-me a metáfora desse processo de revelação. Um processo que é um trabalho e um compromisso, ético e estático, com aqueles trabalhadores que aceitaram ser filmados enquanto trabalhavam, mas igualmente com os trabalhadores que não estão no filme, sendo, todavia, por ele sutilmente evocados. Talvez se possa, então, dizer que este filme não é apenas sobre o trabalho como arte da sobrevivência; com efeito, ele é também sobre a arte, e particularmente o cinema, como trabalho de sobrevivência. Quer dizer, como forma de afirmação da vida e da possibilidade da esperança contra a negatividade e o absurdo. Afirmação do homem e do trabalho contra a morte. No fundo, a isso se resume, desde sempre, o Trabalho de todos os homens.



Wikipédia (Inglês)

Dados do Arquivo:

Direção: Michael Glawogger
Qualidade: DVDRip
Áudio: Russo/Bahasa Indonésio/Inglês/Urdu/Chinês/Alemão
Legenda: Português
Tamanho: 1.36 GB
Duração: 02:01:45
Formato: AVI
Servidor: Depositfiles

Screenshot: CD1 | CD2

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Download:



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