Rico de Nascença / Born Rich (2003) *THC*


Sinopse:

Por José Eduardo Barella (Veja online)

Entre as vantagens de nascer numa família de bilionários, a que mais causa inveja é a chance de viver livre das preocupações que atormentam a maioria dos mortais – como a obrigação de trabalhar para pagar as contas ou planejar o futuro. Pelo menos essa é a impressão que se tem dessa turma do cifrão. A possibilidade de fazer o que der na telha e gastar à vontade sempre alimentou a curiosidade em torno dos hábitos dos endinheirados. Mas é sabido que os multimilionários têm ojeriza a expor detalhes de sua intimidade. Uma rara oportunidade de espiar a vida real dos nascidos em berço de ouro está em Born Rich (Rico de Nascença, em tradução livre), documentário idealizado e dirigido pelo americano Jamie Johnson, de 23 anos. Ele é bisneto do fundador da Johnson & Johnson – e, portanto, um desses ricaços. O filme consiste basicamente em entrevistas com dez jovens herdeiros de fortunas superiores a 1 bilhão de dólares nos Estados Unidos. Por estranho que pareça, a maior dificuldade do diretor foi superar o temor que os ricos têm de falar do próprio dinheiro. Johnson quebra esse tabu ao explicar didaticamente a escandalosa disputa judicial pela herança da própria família. Antes de morrer, há vinte anos, seu avô alterou o testamento, deserdou os seis filhos e transferiu seus 500 milhões de dólares para a terceira mulher – uma ex-cozinheira. No fim, um acordo na Justiça redistribuiu a dinheirama.

Johnson revela que só percebeu que era milionário aos 10 anos de idade, quando um colega de classe viu seu sobrenome incluído na lista das 400 famílias mais ricas dos Estados Unidos. A explicação meio descabida para tanta ingenuidade é a seguinte: como só vivia entre ricaços, achava que o normal é ser endinheirado. Outro problema recorrente nas grandes fortunas parece ser o de auto-afirmação diante do enorme poder do patriarca. Georgina Bloomberg, 20 anos, diz que seu sobrenome "fede" – uma indelicadeza para quem vai herdar 4,9 bilhões de dólares do pai, o empresário Michael Bloomberg, prefeito de Nova York. Já Ivanka Trump, filha do empreendedor Donald Trump (fortuna de 2,5 bilhões de dólares), faz elogios ao "heroísmo e perseverança" do pai. Mas não consegue evitar a demagogia barata ao compará-lo aos sem-teto que dormem nas calçadas dos prédios erguidos por papai Donald: "Pelo menos eles não devem bilhões de dólares a credores". Os sem-teto certamente ficariam felizes com a troca.

Para os que acham que a vida dessa turma é só festa e gastança, saibam que nascer em berço de ouro, em alguns casos, apenas reforça a obrigação de alcançar sucesso pessoal – uma das marcas do capitalismo americano. Ou seja: não basta ser herdeiro, é preciso fazer por merecer a herança. "Minha família tem 20 bilhões de dólares, mas, se você não erguer nada com esforço próprio, não recebe um tostão", garante Samuel Irving Newhouse IV, 23 anos, herdeiro do império de comunicação Condé Nast. Há também o outro lado da moeda – os que buscam fazer algo produtivo mesmo que a família nada cobre deles. Josiah Hornblower, descendente de duas das mais tradicionais famílias americanas (Vanderbilt e Whitney), revela que sua maior experiência de vida ocorreu quando, por conta própria, interrompeu os estudos por dois anos para fazer trabalhos braçais em campos de petróleo no Texas. Na prática, os jovens herdeiros demonstram as mesmas angústias e dúvidas em relação ao futuro que qualquer pessoa de sua idade. A diferença é o saldo bancário.

O caso do próprio Johnson é ilustrativo. Por determinação do fundador do império do clã, nenhum dos herdeiros pode atuar nas empresas da família. O pai dele, James Loring Johnson, nunca trabalhou na vida e é mostrado como uma pessoa alienada, que passa o dia pintando quadros. No documentário, Loring trava uma discussão surrealista com o filho sobre a profissão que este deveria seguir – o diretor é estudante de história medieval na Universidade de Nova York. Sem muita convicção, o pai sugere que Johnson poderia colecionar documentos e mapas históricos. "As escolas de elite deveriam ensinar as pessoas ricas a ser produtivas", ironiza o diretor.

Para alívio dos curiosos, o filme não deixa de retratar o lado glamoroso e repleto de cifrões no qual os jovens bilionários vivem. As tomadas feitas nas festas regadas a champanhe em clubes privés do litoral chique dos Hamptons, perto de Nova York, servem para que os entrevistados revelem algumas de suas excentricidades – apesar do esforço visível de falar do dinheiro como se fosse algo normal. Assim, Stephanie Ercklentz, de uma família de banqueiros nova-iorquinos, admite sem pudores que tem compulsão ao consumo. Por isso, nunca namorou ninguém fora de seu círculo social. "Não suportaria que um namorado qualquer me criticasse por pagar 600 dólares por uma bolsa Gucci", explica. Há os que não conseguem esconder a arrogância. Luke Weil, herdeiro do império de jogos Autotote, conta como costumava humilhar colegas de escola que vinham do interior. "Minha família pode comprar a sua", recorda, às gargalhadas. Em seguida, revela que recebia tratamento diferenciado na universidade só pelo fato de ser rico. "Fazia o que queria, nunca estudei para passar e o diretor só me bajulava."

Como era previsível, Born Rich rendeu elogios da crítica e a fúria das famílias citadas, por expor alguns de seus segredos cuidadosamente guardados. Weil tentou inutilmente barrar na Justiça a estréia do filme, no Festival Sundance, no começo do ano. Newhouse, amigo de longa data do diretor, admitiu que se arrependeu de ter participado do documentário. Johnson, por sua vez, chegou a ser ameaçado de agressão depois da estréia por um bando de mauricinhos com quem esbarrou num clube exclusivo de Nova York.


Wikipédia (Inglês)

Dados do Arquivo:

Direção: Jamie Johnson
Qualidade: DVDRip
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Tamanho: 1.40 GB
Duração: 01:07:14
Formato: AVI
Servidor: Mega


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